A presidente Dilma está fazendo esforços para reduzir a corrupção, mas parece se sentir refém dos políticos. Temendo a ingovernabilidade, ela escolhe meias medidas.
No começo de meu mandato como presidente da CSN, encontrei uma CUT combativa, que havia ganhado greves e conseguido evitar medidas saneadoras para tirar a empresa do buraco. Um problema, guardadas as proporções, muito semelhante ao de nossa presidente.
Era início do governo Collor, e todas as atenções se dirigiam ao combate à inflação. Quando fui convidado pelo ministro Ozires para assumir a CSN, coloquei duas condições para aceitação: escolher a maioria dos diretores e receber os recursos necessários para o saneamento,estimados pelo próprio governo em US$600 milhões para começar o processo. As condições foram aceitas, mas, depois da posse, tentando receber os recursos, recebi um estrondoso não da ministra Zélia. Disse-me que fechasse a empresa, saco sem fundos de gastos.
Como convencer o sindicato, que nunca acreditou que o fechamento poderia acontecer? Impossível. Comecei a fazer palestras para os empregados. Lembro-me de mês em que fiz mais de dez. Inicialmente falava para para pequenos grupos de cento e cinqüenta empregados e, quando mais treinado, até para três mil.
Com essas palestras, conseguimos derrubar a CUT. Na eleição sindical, em que a CUT teve 97% dos votos fora da CSN, a vitória foi nossa, pois na CSN, a grande empregadora, ganhamos na proporção de dois para um. Cheguei a ir para o palanque da Força Sindical, apoiando o candidato deles. Não conheço, na história de grandes empresas, um caso em que o candidato abertamente apoiado pelo presidente ganhou a eleição.
Voltemos à presidente Dilma. O único meio de forçar os políticos a atender aos interesses nacionais é com o uso da opinião pública. A presidência tem o poder de requisitar horário nas emissoras de TV. Ela deveria falar pelo menos duas vezes por semana, em horário nobre, para explicar suas idéias e ações e para criar um movimento popular em favor de suas iniciativas. Assim poderíamos combater a corrupção e ter um Brasil melhor.
Você concorda?
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