terça-feira, 19 de junho de 2012

Mr. Gupta e outros crimes


Nos Estados Unidos o júri popular declarou culpado de crimes contra o sistema financeiro um tal de  Sr. Gupta. Menino pobre, indiano, que veio para a América como muitos brasileiros, estudou na prestigiosa Harvard e fez uma carreira brilhante que terminou com uma fortuna de 200 milhões de reais e a Presidência  da maior e mais importante empresa de consultoria do mundo, a McKinsey, além  de  ser membro do conselho de administração de um dos cinco maiores bancos americanos, Goldman Sachs, e manter  posições  importantes  em varias outras empresas no mundo inteiro.

O que fez Sr.Gupta  para se juntar aos outros 68  ilustres americanos que a justiça americana colocou atrás de grades? Só telefonou  após uma reunião do Conselho de administração do seu banco para seu conterrâneo Rajaratnam e informou o que foi  discutido. O amigo comprou ações e ganhou muito dinheiro. Insider  trading como é chamado por lá é ilegal. Prejudicou terceiros e beneficiou o amigo. Os Estados Unidos que querem por ordem no galinheiro de Wall Street estão atuando firme na área financeira e na semana passada condenaram um outro banqueiro a 110 anos de prisão, sem falar no notório Madoff, que também esta preso.

As questões que a imprensa americana coloca são porque  Gupta, um dos mais respeitados  executivos do mundo fez isso? E mais: a quanto anda o tráfego de influência e interesses no mundo dos negócios? Imagine se Gupta, como executivo da empresa de consultoria, passou informações para concorrentes. Amigos e conterrâneos?

As redes de interesses e sociedades, secretas ou não, que se formam para isso, existem há centenas de anos e se protegem entre si. As pessoas procuram amigos e os compensam para que as informações circulem produzindo lucros. Até esse ponto não há maiores divergências. O que não é em geral permitido é que isso prejudique os demais acionistas ou terceiros. As sociedades de capital aberto devem zelar por isso.

Em alguns países, as leis que regem os  comportamentos  éticos de empresários são rígidos. Em outros, as leis existem, mas não são cumpridas. A diferença se sente no desenvolvimento do próprio país, nos seus índices de desenvolvimento humano. Imagine, se essas coisas acontecem nos Estados Unidos com  gente como Gupta, o que deve acontecer no andar de baixo, em países emergentes? A pergunta em quem confiar, que tipo de gente está nos conselhos de administração e quais são as ligações de quem com quem, deve ser colocada em todas as empresas. Porque a conta de escândalos dessa natureza quem paga é pequeno investidor. Parte dessa crise financeira, se não a maior, se deve aos guptas da vida que por razões de ganância e falta de escrúpulos usam seu poder para ganhar às custas de terceiros, infringindo a lei. O problema também é que, enquanto não estão na cadeia, continua a festa. 

Stefan B.Salej 

Nenhum comentário:

Postar um comentário