Nos Estados Unidos o júri popular declarou culpado
de crimes contra o sistema financeiro um tal de
Sr. Gupta. Menino pobre, indiano, que veio para a América
como muitos brasileiros, estudou na prestigiosa Harvard e fez uma carreira
brilhante que terminou com uma fortuna de 200 milhões de reais e a Presidência da maior e mais importante empresa de
consultoria do mundo, a McKinsey, além
de ser membro do conselho de
administração de um dos cinco maiores bancos americanos, Goldman
Sachs, e manter posições importantes
em varias outras empresas no mundo inteiro.
O que fez Sr.Gupta
para se juntar aos outros 68
ilustres americanos que a justiça americana colocou atrás de grades? Só
telefonou após uma reunião do
Conselho de administração do seu banco para seu conterrâneo Rajaratnam e informou o
que foi discutido. O amigo comprou ações e
ganhou muito dinheiro. Insider trading
como é chamado por lá é ilegal. Prejudicou terceiros e beneficiou o
amigo. Os Estados Unidos que querem por ordem no galinheiro de Wall Street estão
atuando firme na área financeira e na semana passada condenaram um outro
banqueiro a 110 anos de prisão, sem falar no notório Madoff, que também esta preso.
As questões que a imprensa americana coloca são porque Gupta, um dos mais respeitados executivos do mundo fez isso? E mais: a
quanto anda o tráfego de influência e interesses no mundo dos negócios?
Imagine se Gupta, como executivo da empresa de consultoria, passou informações
para concorrentes. Amigos e conterrâneos?
As redes de interesses e sociedades, secretas ou não, que
se formam para isso, existem há centenas de anos e se protegem entre si. As pessoas
procuram amigos e os compensam para que as informações circulem produzindo
lucros. Até esse ponto não há maiores divergências. O que não é em
geral permitido é que isso prejudique os demais acionistas ou terceiros.
As sociedades de capital aberto devem zelar por isso.
Em alguns países, as leis que regem os
comportamentos éticos
de empresários são rígidos. Em outros, as leis existem, mas não são
cumpridas. A diferença se sente no desenvolvimento do próprio país, nos
seus índices de desenvolvimento humano. Imagine, se essas
coisas acontecem nos Estados Unidos com
gente como Gupta, o que deve acontecer no andar de baixo, em países
emergentes? A pergunta em quem confiar, que tipo de gente está nos
conselhos de administração e quais são as ligações de quem com quem, deve ser colocada em todas as
empresas. Porque a conta de escândalos dessa natureza quem paga é pequeno investidor. Parte
dessa crise financeira, se não a maior, se deve aos guptas da vida que por razões de
ganância e falta de escrúpulos usam seu poder para
ganhar às custas de terceiros, infringindo a lei. O problema também é que,
enquanto não estão na cadeia, continua a festa.
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